Wednesday, February 28, 2007

A História de Juvenal da Paraíba em S.P.


Detalhe da pintura "Os Colonos",
de Di Cavalcanti

Nenhum lenço branco de saudades
Balançou para Juvenal no cais do porto
Quando partiu das Paraíbas
Para São Paulo

Levava apenas uma rota mala
E uma esperança cega de se salvar
da fome e da miséria
Nas Paulicéias

Sabia fazer o que, Juvenal?
Capinar uma roça inteira?
Usar uma peixeira com precisão para destrinchar um bode?
Tocar uma rebeca como o Cego Deraldo
Que corria os sertões imenso gritando: Luz!?
Matutar pelas beiras dos caminhos
Como tantos outros aflitos
Desse imenso Brasil interior?

Nas paulistas Juvenal teve que aprender duro
A ser rápido e rasteiro
Correr dos meganhas na Estação da Luz
Dormir em uma cama imunda
Onde dormiam mais 3
Numa espelunca
Que chamavam de Pensão do Bexiga
E a usar um trabuco
Com o qual matou um baiano
Por causa de um copo de pinga
Na casa de uma puta
Conhecida como Moça Flor

3 comments:

kfofo said...

Que idéia legal este de fazer um blog cheio de poesia!
Abraço,
Eduardo Raccah

Angela Ursa said...

Adauto, a quantidade de Juvenais é grande! Beijo

:-P said...

Oi Adauto! Nossa, há quantos anos não falo nem escrevo teu nome ou de menina Katharina, ou de menina Britta.
Nem lembra mais de mim, aposto. Vcs ficaram em casa do meu namorado - e minha tb, pq não?, em meados de 93.
Vamos ver se vcs lembram.

Bjos

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