Thursday, May 11, 2006

O Poema


tapies antoni brossa


O Poema é um tiro no escuro
As palavras-balas atravessam as almas desprevenidas
E bolem com elas
Algumas palavras são anjos ocultos
Para atormentarem as consciências resignadas
Muitas das vezes um deus e um demônio gêmeos
Confabulam nas entranhas do poema
Contra a humanidade dividida
Outras tantas vezes aves do paraíso
Trazem finas melodias para deleite
De quem escuta o som oculto no poema
Mas todo poema está sempre
À beira de um enorme precipício
E o poeta é o ícaro sonhador
Que se propaga no espaço do nada
e pode se arrebentar lá em baixo
no meio do vale ou das rodovias
Nas horas mais cheias da imaginação
O Poema é povoado de fantasmas
E de mortes repentinas
E de revoltas políticas
E de planos amorosos
ou farsas dantescas
O poema se embala numa rede de aranhas
Bem no centro irriquieto do mundo

1 comment:

Angela Ursa said...

Adauto, um super poema esse! Forte! Adorei! Beijo da Angela Ursa