Thursday, April 20, 2006
Estação Noturna
Num barco à deriva sem amor
E sem rumo
Porque martelam as horas
Entre as frutas noturnas
Desse supermercado que nunca
Se fecha?
O guarda veio olhar
O que estávamos fazendo
E o cheiro da maconha
Ganhou o mundo
Enquanto Luiz Eduardo
Fudia uma puta branca e anêmica
Como uma folha de papel
Eu sabia que tudo
Podia desabar sobre
A cabeça de todo mundo
E pedi à caixa do supermercado
Que me trocasse as notas
Em miúdos
E cantei baixinho aos seus ouvidos
Uma canção que falava
De um amor bandido
Que varou a deserto do Sahara
Atrás de uma princesa etíope
A moça deu bocejos nervosos
E vi que em seus olhos
Havia o temor
Pela minha pele negra
Um signo gritante
De tantos preconceitos
E racismos
E eu lhe disse cantando ainda:
"eu não vou assaltar o supermercado nao
e a noite está que é uma beleza hoje,
Voce nao acha?"
Saí comendo um pêssego suculento
E deixei para trás
Aquela estranha paisagem
de paranóias urbanas e consumo
Cruzei com Luiz Eduardo
Fudendo ainda a branca prostituta
Que se desminlinguia em afetos
E gritos estridentes
Entre as latas de massa de tomate
Enquanto o guarda
Preparava sua pistola
Para atirar nos dois...
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