Thursday, May 28, 2009

Balada do amor fugido





Um dia o meu amor

Fugiu de entre meus dedos

Como um passarinho


Ontem recebi um e-mail seu:

Amor, estou em Paris

Feliz da vida

Com a minha intensa solidão

Espero que estejas bem

E não deixe de alimentar

O papagaio Oswald

E o meu cachorrinho Veludo

Não sei quando volto

Ou se volto

Beijos


Sai na noite e fui

A um bordel

Onde afoguei as minhas máguas

Numa carne viciada

E profunda como um mar


Um pianista cocaínomano

Tocava uma música brega

Tentando alegrar

Aquelas solidões absurdas

Que agonizam ali

Entre copos de conhaque e whiski baratos

Carreiras de pó

Mortes lentas e desenganos


Senti-me um anjo negro naquela noite milagrosa


Na madrugada de insônia e paranóias

Mandei um e-mail ao meu amor fugido:

Amor, morri! Meu enterro é daqui a pouco

Não me mande flores nem ladainhas

Até já!!!!


O silencio, então,

Tocou a sua sinfonia.

1 comment:

Fábio Lau said...

Bela poesia intensa.