
Foto: Sonya Cipriano
Uma bela tangará bailarina passou
novamente por aqui
e dancou elegantemente
para mim
E uniu a terra e as estrelas
e fez do mar
coisa nenhuma
e o Brasil era
um Samba em Berlin.
Veja o video-tangará abaixo:
A Arte poética e digital de um poeta no estrangeiro: "queria re-construir um castelo de palavras/mesmo vindo de um barraco/mas preferiu incendiar as indiferencas e reacender o amor no meio do mundo/sem nenhum remorso ou dor maior do que aquela de sua própria vida..." - Ras Adauto
Foto: Ras Adauto Berlin
A Passista se concentra para entrar em cena.
Mede a sua pulsacao e seu gingado.
Daqui a pouco os pandeiros e tambores
exigirao seu corpo monumental no palco
e todo o publico será tomado
pelo extase de sua beleza
e pelo compasso perfeitode seu samba
e a batucada ganhará o mundo
mas antes que isso aconteca
um click rouba imperceptível
um instante seu
ainda nos bastidores!
Foto & Montagem: Ras Adauto Berlin
A bela poesia passou por aqui
essa manhã
E ainda sinto o cheiro de seu perfume nas coisas
Eu ia matar essa manhã
Num grande espetáculo privado
sem televisão ou jornais
Mas a bela poesia passou por aqui
e ficou por uns instantes
olhando-me com seus olhos de fogo
dança mel e êxtase
Aí eu não quis mais morrer à toa
e toda a minha dor se dissolveu
ao sol e aos lábios daquela
que nem sei o nome direito
e em que país habita
A noite desceu
com seu negro cavalo veloz
e se dissolveu
em meu copo de cognac
A bela moça
que entrou no bar
parecia saída
de uma magazine
Acompanhei seus passos graciosos
até ao balcão
- para comprar cigarros -
como olhasse
uma fotografia viva
sem nenhuma prega
de photoshop
Tomei o meu conhaque
com o maior prazer do mundo
e chamei o garçon:
por favor, meu bom,
outro cognac!
A noite e seu cavalo veloz
e a bela moça repentina
brincavam dentro de mim
O segundo conhaque
desceu redondo e quente
e eu me senti
estúpidamente feliz
e tranquilo comigo mesmo.
Saí daquele bar
assoviando um samba
até que um tiro
detonou na noite
do meu sossego.
De clinas negras de seda
Que brilhavam ao sol
E ia o cavalinho por aquele caminho
Onde passam todos as memórias
Passam todas as histórias
E todos os bichos,
desde os mais simpáticos
até os mais esquisitos
até uma onça raivosa
dizem que passou por aquele caminho
e ia por ali o cavalinho negro
de negras clinas de seda ao sol
e encontrou o menino
sentado numa pedra
bem na beira do caminho
e ao ver o cavalinho negro
de clinas negras de seda
o menino quis logo
possuir aquele cavalinho
mas o cavalinho negro
de seda as clinas negras
lhe disse com todas letras e ypsilonis
pois é, esse cavalinho falava
como as gentes
e falou com o menino
menino eu não sou
nenhum brinquedo
nem propriedade de ninguém
me deixe passar por esse caminho sossegado
pois não posso faltar ao encontro
que tenho com meus parentes
lá no por do sol
e quando o menino se deu conta
lá ia lá longe o cavalinho negro
de clinas negras de seda
sumindo no fim do caminho
em direção ao por do sol
e coube ao menino
sentado à beira do caminho
ficar imaginando que tudo
o que tinha visto e ouvido
não passava de um sonho
ou um delírio febril por causa
do sol quente que queimava
em cima de sua cabeça
mas lá longe, bem de longe mesmo
veio um relincho de cavalo
trazido pelo mensageiro do vento
que soprou de repente
naquele caminho de sol
Ras Adauto, 02.06.2008
O Bicho Cabeludo não mora no buraco da Alemanha
Nem nos Alpes, em Kilimanjaro ou nas matas da Amazônia
O Bicho cabeludo não é um vírus de internet
Não é um “alien” de Game ou galã de novela de televisão
O Bicho Cabeludo não tem cachorro, papagaio, girafa ou dragão
O Bicho cabeludo passeia no espelho do sonho do menino
Ou mora no medo oculto da menina que mora ali
No quarto andar do meu edifício
O Bicho Cabeludo só aparece à noite
Quando os grilos tocam seus afinados violinos
E a lua se espreguiça lá no céu
No meio das nuvens e das estrelas brilhantes.