Sunday, June 25, 2006

Sonhei com Oswald de Andrade



Senhor
Que eu não fique nunca
Como esse velho inglês
Aí do lado
Que dorme numa cadeira
À espera de visitas que não vêm


(Primeiro caderno do aluno de poesia)
- Oswald de Andrade



Essa noite
Sonhei com o poeta
Oswald de Andrade
Estávamos no elevador
Do Hotel ´Splanada
A caminho de um fox-trote

Ele me disse
Que havia dado pérolas
Para a filha mais nova
De um Comendador
- "Linda como uma francesa"
E que vendera seu Ford-bigode
Para um magnata do Pacaembu

No fox-trote, na verdade um cassino
Havia todo tipo de figuras e faunas
Até um senador da república
Lá estava paulistando como uma besta

As meninas que dançavam o maxixe
Pareciam odaliscas do Morumbi
Quase em pelos,
como evas do paraíso brasília
E agradavam imensamente os desejos
Animalescos
Daqueles homens de casaca

Oswald fumava um puro cubano
E feliz da vida
Jogava uma fortuna
Na roleta viciada

Filomena, a chefe das gôgô-girls
Disse-me que Oswald
Com aquele charuto de chaminé
Parecia um diretor de cena
Um ban-ban-ban de Hollywood
Eu falei à Filomena
Que mais parecia
Um caboclo de macumba
E demos largas gargalhadas
Como araras picantes
Da selva-selvagem

E fomos todos para o salão
Balançar os esqueletos

Wednesday, June 14, 2006

O Samba da Bola



Não deixe que a tristeza
Bagunce o seu coreto
Nós somos do país do carnaval
E uma batucada imensa
Pulsa dentro de nosso coração
A alegria á a prova dos nove
E a nossa matemática é uma inversão
Da lógica cartesiana
Não somos depressivos
Como os alemães
E o nosso drama
É uma tragicomédia botocuda
Um teatro burlesco de fantasias
Onde nos achamos os mais espertos
Que todos os povos do mundo
E a nossa lei é uma bola de futebol
Aos pés ligeiros e hábeis
De um garoto pobre de subúrbio




Saturday, June 03, 2006

Demo Poema